SUPERSPORT, O CICLO DE FUGA DE CAPITAIS DE ÁFRICA

A SuperSport perpetua um ciclo de fuga de capitais de África com mais de 200 milhões de dólares anualmente redireccionados para direitos europeus, incluindo os destinados a jogos duvidosos como o Letónia-Estónia, escreveu, Ibrahim Sannie Daara, ex-director de Comunicação da Associação de Futebol do Gana, numa nota de repúdio à decisão da emissora de não transmitir os jogos do Campeonato Africano das Nações (CAN).

Por Domingos Miúdo

Para Ibrahim Daara, a demissão do CAN pela SuperSport, mais do que uma mera decisão de transmissão, simboliza uma potencial nova forma de colonialismo onde os interesses africanos são subjugados ao enriquecimento de entidades estrangeiras já ricas. E acrescenta: “chegou a altura de tomar medidas decisivas para garantir que a pulsação do futebol africano ressoe não só nos estádios, mas também nos ecrãs da sua população”.

Na nota, Ibrahim Daara exige que a União Africana (UA) e os reguladores nacionais tomem medidas decisivas. Sendo que, a UA deve exercer a sua influência para garantir que a SuperSport honre o seu compromisso com o público africano. Exorta que aos reguladores nacionais uma imposição de impostos mais elevados com condições, obrigando a emissora a reinvestir em África e a apoiar o panorama futebolístico do continente.

“Se a SuperSport fosse uma empresa europeia a operar na Europa, os reguladores provavelmente teriam tomado medidas rapidamente. No entanto, a aparente indiferença para com os clientes africanos sugere uma tendência preocupante de considerar o continente como um dado adquirido. A emissora deve reconhecer o seu dever para com o continente que constitui a espinha dorsal do seu fluxo de receitas”, escreveu.

Ibrahim Daara disse ainda, que a decisão da emissora põe em risco os empregos do seu pessoal africano que, sem conteúdo africano, enfrenta um cenário profissional desolador. Esta dura realidade levanta questões sobre a responsabilidade social e o compromisso da emissora em fomentar o talento no continente.

O analista destacou que a aparente preferência da SuperSport pelo conteúdo europeu em detrimento do CAN, uma vitrine de alguns dos melhores talentos do mundo, reflecte uma mentalidade colonial desanimadora. O torneio conta com estrelas como Mohamed Salah, Mohammed Kudus, Guirassy, Osimhen e mais de 50 jogadores da Ligue 1 da França, constituindo uma poderosa demonstração de proezas no futebol global.

Recorda-se que, na semana finda, a MultiChoice, empresa que opera a DSTV, detentora dos canais desportivos de TV SuperSport, anunciou que não transmitirá em directo os jogos do CAN 2023, que decorrerá na Costa do Marfim, por não ter garantido os direitos de transmissão. Em África, a SuperSport é difundida até 50 países, menos 4 do total número de países africanos.

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